quarta-feira, junho 08, 2011

Minhas impressões pessoais sobre a greve das professoras e enfermeiras de Osasco



Diferente da versão da Prefeitura de Osasco de que a greve deflagrada parcialmente desde segunda-feira, 06 de junho, pelas professoras da rede municipal e servidoras da Saúde de Osasco, cobrando melhores salários e condições de trabalho, não apresentou, pelo menos no que eu pude constatar na manifestação que ocorreu ontem, terça, dia 07, não teve nada de cunho político-partidário, sendo legítima, portanto. É claro que nessas horas alguns queiram tirar proveito da situação, como foi o caso de Helton Bastos, secretário de formação do PSOL e ex-candidato a prefeito de Osasco e a deputado federal num passado recente, mas isso não compromete a seriedade do movimento.
Apesar da chuva fria e dos ventos que castigaram o fim de tarde, as professoras, pajens e enfermeiras (não notei a presença nenhum guarda municipal, a não ser os que estavam fardados e de serviço) paralisaram algumas das principais vias da região central da cidade. Elas partiram de frente da Prefeitura, após a segunda tentativa frustrada de uma audiência com o prefeito Emidio de Souza, que parece não reconhecer o movimento alegando que a questão deve tratada, como sempre, na reunião ordinária da Comissão de Negociação Permanente. Diz a sabedoria popular que uma boa definição para “comissão” seria “um grupo de pessoas que nada podem e decidem conjuntamente que nada podem fazer”, e aquelas mulheres sabem disso, razão da insistência de um tête-à-tête com o prefeito.
Notei também, como o leitor mais atento pôde perceber, uma presença maciça das mulheres. Poucos homens presentes, talvez devido à herança machista de atribui a função do cuidar às fêmeas – papel inconteste das professoras e enfermeiras.
Enfim, foi assim que elas marcharam rumo à Câmara Municipal, onde forçaram o presidente Aloísio Pinheiro (PT) a suspender a sessão para atendê-las. Após alguns ajustes de uma pauta improvisada, os vereadores ouviram os protestos contra o aumento salarial de 4% oferecido pela Prefeitura, em 26 de maio – elas querem ter direito os mesmos 21% concedidos a outras categorias. Também cobraram um compromisso concreto dos vereadores em adesão ao movimento, mas ficaram decepcionadas ao ver que apenas 4 dos 21 vereadores, os mesmos 4 da oposição, apenas estes lhe declararam abertamente apoio: Ana Paula Rossi (PMDB) e os tucanos André Sacco Jr, Sebastião Bognar e Jair Assaf.
Honestamente, até porque gosto dele, alguém precisa dar um toque para o vereador Aloísio sobre como tratar as visitas. Não pegou bem o tom jocoso e depreciativo com que tratou àquelas boas almas. Mas justiça seja feita: a pane no poste ao lado foi o que mais prejudicou os encaminhamentos finais, impossibilitando sequer que o líder do governo na Câmara, Valmir Prascidelli (PT), expusesse sua queixa das gestões anteriores, que segundo ele acumularam por décadas as perdas e prejuízos ao funcionalismo.
No final de tudo, acabei me solidarizando com aquela romaria ao estilo Graciliano Ramos de professoras e enfermeiras com a cabeça coberta pelo avental branco para se protegerem da chuva fria que caía. Então pensei: “Se o prefeito não conseguir melhorar o reajuste salarial, bem que ele podia mandar suspender a decisão de cortar o ponto delas”.

Veja o vídeo-reportagem sobre a manifestação de ontem: http://migre.me/50BwF